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9 de outubro de 2016

A Polêmica da 4ª Temporada de Yu-Gi-Oh! GX no Ocidente e Outros Fatos Relacionados

[ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 12/1/2024]

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Logotipo conceitual de Yu-Gi-Oh! GX no Ocidente, baseado no novo logo oficial da franquia, e numa renderização.

SIM, ELA NÃO EXISTE (mas quero acreditar que não, ainda).

Estou de volta em mais um artigo, desta vez para falar sobre a polêmica que envolve a 4ª Temporada de Yu-Gi-Oh! GX fora da Ásia, buscando contextualizar e esclarecer as razões desta não ter sido lançado no Ocidente até agora, após mais de 9 anos de sua conclusão no Japão.

ATENÇÃO: Neste artigo estarei assumindo que você tenha conhecimentos das séries de Yu-Gi-Oh!, em especial, Yu-Gi-Oh! GX. Em todo caso, já adianto que poderá haver revelações sobre o enredo (SPOILERS).

Para situar melhor, abaixo está um vídeo que apresenta a história das três primeiras séries da franquia, que é a introdução do filme "Vínculos Além do Tempo", lançado em 2010. Quem assistiu as séries de Yu-Gi-Oh! que foram exibidas no Brasil, seja pela Globo, Nickelodeon, Rede TV! ou Play TV (ou, ainda, em outras mídias, como DVDs ou streaming), achará familiar (também pode ser acessado clicando aqui):

Quem conhece a franquia Yu-Gi-Oh!, criada pelo já falecido mangaka Kazuki Takahashi (cujo mangá da série clássica já foi vendido no Brasil), famosa pelo seu bem sucedido jogo de cartas, gerenciado pela Konami (empresa japonesa de renome em desenvolvimento de jogos, tais como o game Pro Evolution Soccer), deve saber que Yu-Gi-Oh! GX (a segunda série de animação da franquia ou, se preferir, o primeiro spin-off da série original) possui 180 episódios, divididos em quatro temporadas, exibido entre 2004 e 2008 na emissora japonesa TV Tokyo (conhecida pelos otakus por transmitir animes famosos como Pokémon e Naruto), produzido pela Nihon Ad Systems (NAS), uma subsidiária do conglomerado Asatsu-DK (um anime conhecido que a produtora conduziu foi Neon Genesis Evangelion), e animado pelo Studio Gallop (veja aqui a lista detalhada de episódios que eu organizei, para saber mais).
Logotipo japonês de Yu-Gi-Oh! (Duel Monsters) GX.

Após uma sucedida e, provavelmente, bem lucrativa (contudo, não unânime) adaptação da série do Rei dos Jogos para o Ocidente, a 4Kids Entertainment, conhecida empresa de licenciamento formada em 1992 (na verdade suas origens datam de 1970), adquiriu os direitos de Yu-Gi-Oh! GX, realizou seu controverso trabalho de "americanização" na série (basicamente, dentre outras coisas, trocando nomes como Judai para Jaden; Asuka Tenjoin para Alexis Rhodes; Sho Marufuji para Syrus Truesdale, entre outros) que, graças à era pré-fansubber e a internet em expansão de popularidade pelo mundo, acabou convencendo, já que, provavelmente, o fato do GX ser bem menos sombrio que a série anterior, além de contar com personagens cativantes, acabou colaborando.
Logotipo da 4Kids Entertainment, licenciadora que ficou a frente, por muitos anos, das franquias Pokémon e Yu-Gi-Oh!.

Contudo, mesmo com sua relativa popularidade, a audiência não rendeu o esperado, tanto no Japão como nos Estados Unidos, e o sucesso de Yugi e seus amigos nunca mais se repetiu, mantendo-se em níveis razoáveis desde então. Mas, no caso dos japoneses, Yu-Gi-Oh! ainda se mantém no ranking dos animes mais lucrativos da TV Tokyo (como mostra esta notícia, em inglês, repetindo o resultado notificado anteriormente), provando que a franquia ainda se sustenta até hoje graças ao TCG / OCG.
Mesmo a franquia já não sendo tão popular, Yu-Gi-Oh! ainda é sinônimo de lucro para a TV Tokyo (e, claro, para a Konami). Acima, uma cena da quarta temporada do GX (mais precisamente, episódio 161), que só existe em japonês.

Já nos Estados Unidos, a história é mais complicada. A odiada 4Kids tinha acabado de perder a franquia Pokémon num processo judicial para a The Pokémon Company International (TPCi, subsidiária da Nintendo, outra grande empresa de jogos), cujo anime era um de seus pilares na época, restando-lhe apenas Yu-Gi-Oh! como sua "mina de ouro". Entretanto, na prática, ela acabou "perdendo a mão" e não conseguiu mais administrar direito a franquia criada por Kazuki no Ocidente desde então. Exibições irregulares, ora semanais ora diárias, com variação no número de episódios por exibição, atrapalharam muito o desempenho de Yu-Gi-Oh! GX (e, vale dizer, das séries seguintes também) nos Estados Unidos.
Para se ter uma ideia, em 12 de Julho de 2008, data da última exibição original de Yu-Gi-Oh! GX pela 4Kids, ela exibiu os episódios 153, 154 e 155 seguidamente (dando a impressão de que estaria apressando o fim da série, assim como fez com 5D's, três anos depois). Acima, uma screenshot da cena final das aberturas oficiais no Ocidente.

Para agravar a situação, a última temporada da série de Jaden e seus amigos é considerada por muitos, de longe, a mais "obscura" da série (contudo, saliento, não foge muito da fórmula já explorada na série clássica e, portanto, é perfeitamente "assistível", ainda mais por ela fechar a história com chave de ouro, com tramas eletrizantes, apesar de que algumas coisas poderiam ter sido melhores, mas isto é um outro assunto). E, com a estreia de Yu-Gi-Oh! 5D's no Japão, a 4Kids  resolveu se empenhar na recém-lançada série de Yusei Fudo, e acabou deixando a temporada final de Yu-Gi-Oh! GX de lado, interrompendo-a (de forma brusca, diga-se de passagem,"sentindo que as detentoras originais, NAS/TV Tokyo, tinham 'matado' o produto", a fim de justificar a adição das falas citadas na imagem a seguir) no episódio 155, ficando os 25 episódios restantes sem adaptação.
Hasselbery: "Cadê o 'sargento' (Jaden), Syrus?"; Syrus (chorando): "Lá em cima, junto às estrelas." - Sério, que desculpa foi essa que a 4Kids inventou? Além disso, partes do roteiro americano do episódio já denunciam o furo, onde a personagem Yubel faz planos para quando o Jaden enfrentar o "grande mal", que até agora não confrontou - pelo menos, na versão ocidental. De qualquer forma, é assim que a versão americana do Yu-Gi-Oh! GX termina - até o momento (a Itália, no entanto, chegou a exibir a 4ª temporada, na versão original, fazendo algumas poucas alterações).

No fim das contas, acabou sendo uma decisão infeliz para a 4Kids, já que, provavelmente, ela não esperava um desempenho tão fraco do 5D's nos Estados Unidos, interrompendo a série de Yusei de forma ainda mais abrupta que a anterior, deixado nada menos que 31 episódios sem adaptação (e ainda por cima, NÃO CONSECUTIVOS, com um final tão forçado ou até mais que o do GX). Provavelmente, o tema mais maduro da série não foi bem recebido pelo público alvo (pudera, considerar criança a faixa etária da franquia é um tanto equivocado, já que, relevando alguns pontos, quem consome mesmo o jogo de cartas é um público mais velho, mesmo no Japão), deixando a franquia muito enfraquecida por lá. Para se ter uma ideia, a Alemanha preferiu exibir a segunda temporada de Yu-Gi-Oh! 5D's a partir da versão japonesa em detrimento do apanhado de episódios que a 4Kids adaptou (prática que a atual detentora dos direitos, Konami Cross Media, em comum acordo com os detentores japoneses, já não costuma mais fazer, segundo comentários extra-oficiais, oferecendo apenas os produtos correspondentes à área de atuação das distribuidoras - ou seja, países fora da Ásia só têm à disposição as versões adaptadas para o Ocidente das séries).
Numa postagem da época, na página do Facebook (que ainda está no ar) do já fechado site de streaming de animações Toonzaki, em resposta a um usuário que pediu o Yu-Gi-Oh! 5D's de volta (após a interrupção da série no episódio 136), o administrador alegou que não havia crianças assistindo o anime, segundo os dados de audiência.

Mas o lançamento do especial de 10º aniversário da animação pela TV Tokyo / NAS / Studio Gallop, Yu-Gi-Oh! The Movie: Super Fusion! Bonds That Transcended Time (conhecido no Ocidente como Yu-Gi-Oh!: Bonds Beyond Time), em 2010, causou um furo e tanto no destino que a 4Kids havia dado ao Jaden, tendo que inventar uma desculpa "esfarrapada" para justificar sua presença no filme, a fim de que algum desavisado não percebesse o que ela tinha aprontado com o protagonista do GX.
Cena inicial do filme 'Vínculos Além do Tempo', com Jaden e Neos sendo atacados em Veneza.

E não acabou aí. A 4Kids ainda montou, por conta própria, uma introdução de dez minutos (vídeo do início do artigo) para distribuir junto com o filme em questão. O mais interessante nessa introdução é uma das cenas escolhidas para destacar o Prof. Lyman Banner (Daitokuji no Japão): ela foi retirada justamente do episódio 180, que a empresa norte-americana nem tinha chegado perto de adaptar anteriormente. E aí fica a pergunta: qual era a intenção dela ao recorrer a uma cena de uma temporada que ela não trabalhou, sendo que ela poderia ter recorrido a muitas cenas de temporadas anteriores que continham o mesmo personagem? Mostrar que ela não havia esquecido da existência da mesma?
Cena final do último episódio (180) de Yu-Gi-Oh! GX, com proporção de tela ampliada, na prévia feita pela 4Kids para o filme 'Vínculos Além do Tempo'.

Quase nesta mesma época, após ficar dando respostas evasivas e falsas esperanças ao longo dos três anos anteriores (2008 a 2011), a 4Kids deu um ultimato e resolveu que iria manter o episódio 155 como o final de Yu-Gi-Oh! GX. E, desde então, a situação permanece a mesma. Vale dizer que, em praticamente todos os países do Ocidente, incluindo o Brasil, os 155 episódios disponíveis foram dublados. Veja só o conteúdo das mensagens (traduzidos livremente - as citações originais podem ser encontradas aqui):

Ainda em 2008, a 4Kids tinha respondido:

"Obrigado por nos escrever por causa do seu interesse em Yu-Gi-Oh! GX. Por dedicarmos todos os nossos recursos na dublagem e na exibição de Yu-Gi-Oh! 5D's, nós não vamos trabalhar com o último arco de Yu-Gi-Oh! GX em um futuro próximo. Todavia, isso não significa que nós nunca mais vamos trabalhar com a série, mas sim que neste momento ele não está em nossos planos."

Algum tempo depois, ela voltou a se pronunciar:

"Fique atento às atualizações. É possível que o anime retorne no Outono (em Setembro) de 2010".

Contudo, em 2011, o cenário atual começou a se desenhar:

"Obrigado por nos escrever por conta do seu interesse em Yu-Gi-Oh! GX. Com Yu-Gi-Oh! 5D's à todo o vapor, a batalha final entre Yubel e Jaden será mantida como o desfecho da série nos Estados Unidos".

E seu comunicado mais recente ratificou o anterior:

"Obrigado por nos escrever por conta do seu interesse em Yu-Gi-Oh!, Yu-Gi-Oh! GX e Yu-Gi-Oh! 5D's. Em Maio de 2011, decidimos que vamos manter a batalha final entre Jaden e Yubel sem um desfecho."

Para complicar ainda mais a situação da franquia no Ocidente, uma ação judicial movida pela TV Tokyo e NAS / ADK contra a 4Kids, que não pagou os royalties oriundos de negócios com distribuição de mídias com empresas como a Funimation, deixou a licenciadora americana numa situação extremamente delicada, com risco iminente de perder os direitos das séries de Yu-Gi-Oh!, o que, logo de cara, afetou o lançamento de Vínculos Além do Tempo nos Estados Unidos (e, de certa forma, em outros países, como no Brasil, cujo filme foi dublado e lançado quase que de surpresa somente no final de 2013). Contudo, isto não a impediu de lançar Yu-Gi-Oh! ZEXAL, em Outubro de 2011.
Informações indicam que a 4Kids esteve a frente da série do Yuma até o episódio 41 (embora referências a ela nos créditos do anime no Ocidente já tinham sido removidas após o episódio 33). Acima, uma screenshot da cena final das duas primeiras aberturas ocidentais de Yu-Gi-Oh! ZEXAL, que a antiga licenciadora esteve a frente.

Em 2012, a situação ficou insustentável e a 4Kids acabou falindo, com partes de suas propriedades (incluindo a divisão que adaptava as obras licenciadas, a 4Kids Productions) indo à leilão para quitar as dívidas. Primeiramente, a franquia Yu-Gi-Oh! quase foi cedida por 10 milhões de dólares para a KidsCo. Media Ventures, uma empresa recém-criada pela Saban Entertainment (a mesma empresa responsável pela franquia Power Rangers, adaptação americana dos tokusatsu do gênero Super Sentai, produzido pela famosa Toei Company). Mas, no fim das contas, os direitos foram para a 4K Acquisition Company, uma subsidiária criada pela Konami (que mais tarde passou a se chamar 4K Media Inc.), e os direitos de exibição de, não só das séries de Yu-Gi-Oh!, como de outras produções licenciadas pela 4Kids, foram para a Saban, que também recebeu os direitos do bloco infantil que a antiga licenciadora mantinha desde 2008 no canal The CW, que passou a se chamar Vortexx, onde veiculou os referidos produtos até o final de Setembro de 2014, quando o contrato foi rescindido. No final, a transação envolveu nada menos que 15 milhões de dólares.
Logomarca da então 4K Media Incorporated, parte do Grupo Konami Digital Entertainment (2012-2019).

Dessa forma, após uma auditoria e reestruturação no final de 2012, a 4Kids Entertainment passou a fazer parte de um conglomerado de empresas de licenciamento chamada 4Licensing Corporation, ainda possuindo os direitos de animações como Chaotic, Dinossauro Rei (estes dois exibidos no Brasil), Tai Chi Chasers, entre outros, mas com uma atuação bem mais restrita, não sendo nem a sombra do que foi no final da década de 90 e em meados da década de 2000. Contudo, em 2016, a holding entrou com pedido de falência, dando a entender que a reestruturação não deu certo e afirmou que "a administração não prevê nenhuma recuperação para os acionistas." Para quem quiser saber mais sobre toda a história da famosa licenciadora, não deixe de dar uma olhada neste vídeo (em inglês).
Recorte da Screenshot do site oficial da 4Licensing Corporation, mostrando o logo de algumas das companhias incorporadas, incluindo a 4Kids Entertainment.

E, assim, a franquia Yu-Gi-Oh! passou a ser gerenciada pela 4K Media (hoje Konami Cross Media NY) que, basicamente, mantém o mesmo modelo de trabalho que sua antecessora realizava, censurando adaptando as séries e distribuindo-as ao redor do Ocidente, cujas conquistas mais relevantes da empresa até aqui foi ter concluído todos os 146 episódios de Yu-Gi-Oh! ZEXAL (primeira série após Yu-Gi-Oh! a ter todos os episódios adaptados), os 148 episódios de Yu-Gi-Oh! ARC-V, além de ter anunciado, antes mesmo do Japão, a produção do filme The Dark Side Of Dimensions, que estreou em Abril de 2016 na terra do sol nascente (apesar disso, o longa animado em comemoração do vigésimo aniversário da franquia, estreou nos Estados Unidos e Canadá somente em 27 de Janeiro de 2017).
Screenshot da cena final da Abertura 4 Ocidental de Yu-Gi-Oh! ARC-V (correspondente aos episódios 100 até o 148).

Atualmente, a Konami Cross Media está tentando emplacar as séries mais recentes da franquia Yu-Gi-Oh! nos países em que ela já possui parceria, cuja disseminação praticamente não se alterou desde o ZEXAL (principalmente Canadá e Austrália). Informações atualizadas podem ser vistas no artigo sobre a Lista de Episódios das séries.
Screenshot do início das aberturas ocidentais de Yu-Gi-Oh! VRAINS, a primeira desde a série clássica a contar com uma trilha musical completamente instrumental.


No Brasil, sua atuação, embora com um certo destaque nos últimos tempos, ainda está aquém do potencial que o país tem (graças à polêmica disseminada por Gilberto Barros em 2003, durante a transmissão da série clássica na Globo e na Nick, que abalou a franquia).


Imagens emblemáticas da época, onde o apresentador Gilberto Barros atacou a franquia Yu-Gi-Oh! no Brasil de forma lamentável (mais informações aqui - contudo, em julho de 2017, o apresentador finalmente se pronunciou sobre o ocorrido, defendendo-se dos ataques que sofreu ao longo dos anos, eximindo-se em parte da responsabilidade, ainda que admitindo a justificativa da busca pela audiência). Finalmente, no começo de 2024 tivemos novidades sobre a considerada "lost media", onde pesquisadores tiveram acesso aos conteúdos dos programas (cujas imagens oficiais, diferente do que ilustrava esta seção originalmente, finalmente vieram à tona), onde mais detalhes podem ser vistos aqui.

Tendo em vista que Yu-Gi-Oh! GX estreou no Brasil em Abril de 2006 pelo canal Nickelodeon; na TV Aberta em Abril de 2009, através da Globo e na RedeTV! em Outubro de 2010, considere as seguintes possibilidades caso a série de Jaden tivesse estreado dois anos antes na "rede de TV que mais cresce no Brasil" (apenas para fins de reflexão):

► De cara, o erro que a emissora cometeu com o anime em Outubro de 2010 poderia ter sido evitado: ela estrearia o anime a partir da 1ª temporada, além de já ter a 2ª temporada a disposição, e com sorte, transmitiria a 3ª com a exibição do anime em andamento (a temporada ainda estava em processo de dublagem na época), talvez até sem a necessidade de recorrer a reprise para aguardar a sua disponibilidade;

► "Furando" a Globo (que, na vida real, adquiriu as duas primeiras temporadas do GX nessa mesma época, mas só exibiu a primeira), já era "meio-caminho andado" para que futuramente todas as 5 temporadas de Yu-Gi-Oh! Duel Monsters (e até o Capsule Monsters) estivessem a disposição da RedeTV! (que, graças ao portal JBox, cogitou adquirir o anime clássico, e até veiculou uma chamada destacando o Yugi, em 2010), assim como aconteceu na vida real com a 5ª temporada de Pokémon, em 2010 (que a Globo exibiu alguns anos antes);

► Levando em consideração que a audiência de Pokémon naquela época era muito boa para os padrões da RedeTV! (padrões estes que até eram relativamente superiores aos de atualmente), Yu-Gi-Oh! GX, embora não tivesse a mesma repercussão da exibição na Globo, poderia ter se beneficiado da boa audiência do anime que o antecedia na programação e o fenômeno que se viu com a exibição da terceira temporada pela mesma RedeTV! no final de 2010, além de poder acontecer ainda em 2008, poderia até ser maior, pela maior quantidade de episódios apresentados, fazendo Yu-Gi-Oh! GX ser ainda mais lembrado do que é hoje;

► Com o sucesso de Yu-Gi-Oh! GX na TV Aberta, muito provavelmente impulsionaria até mesmo a exibição do mesmo na TV Fechada, pela Nick; com isso, aumentaria as chances da emissora paga ter se interessado em adquirir Yu-Gi-Oh! 5D's junto à distribuidora Televix, que detinha a franquia na época - talvez até com a ajuda da RedeTV! (que também trabalhava com o catálogo dela, e teoricamente também teria interesse na série) - até na questão da dublagem (que poderia ter sido ainda na Centauro, ao invés da Lexx, como aconteceu anos mais tarde);

► O eventual sucesso de Yu-Gi-Oh! GX, ainda em 2008, poderia até mudar o destino do próprio TV Kids, já que supostamente a emissora lidaria com o bloco com mais cuidado, analisando de forma mais cuidadosa as aquisições a serem realizadas (e até fazendo isso regularmente). Talvez até algumas coisas que ela adquiriu ela sequer teria cogitado considerando o cenário analisado.

► Obviamente o TCG seria um dos maiores beneficiados com tudo isso, de cara, que a própria Konami, junto à representante local (a Devir) poderia anunciar os decks nos intervalos do TV Kids (assim como aconteceu em 2016 com a exibição da série clássica na PlayTV, canal de alcance ainda menor do que a RedeTV!, mesmo nos dias de hoje), chamando a atenção da criançada; a pirataria, logicamente, continuaria sendo um problema, mas ao menos, teria mais gente interessada no jogo, e que talvez, seguisse nele até os dias de hoje - além de que o que aconteceu em 2015 (o lançamento oficial da versão brasileira do TCG, as "Estampas Ilustradas") poderia ter se dado até antes, bem como os eventos e torneios oficiais já estariam contemplando o Brasil;

► Poderia influenciar até nos jogos de videogame, como os da franquia "Tag Force" (ver mais adiante), que teriam feito ainda mais sucesso, e talvez até impulsionaria as vendas do PSP em território nacional. Com sorte, a Konami até teria disponibilizado uma versão BR dos jogos.

► Sabendo que o TV Kids seguiu relativamente bem até o final de 2010, o fracasso de Yu-Gi-Oh! 5D's nos Estados Unidos poderia ter sido diferente no Brasil (se mesmo com desenho de gosto duvidoso, o TV Kids era destaque na programação da emissora, não duvidaria que 5D's sequer seria um problema nesse sentido), e a série poderia ser até mais lembrada pelos brasileiros do que é hoje. Além de que agilizaria até a aquisição do filme "Vínculos Além do Tempo" (que poderia chegar ainda em 2011 por aqui, ao invés do final de 2013, como de fato aconteceu), e até mesmo Yu-Gi-Oh! ZEXAL.

► Eventualmente incentivaria até a aquisição da 4ª temporada de Yu-Gi-Oh! GX direto do Japão, tal como aconteceu na Itália - embora esse tipo de ação não tenha acontecido em 2010 com "Super Onze" (faltaram mais 49 episódios para fechar a série por aqui, mas a mesma Televix não foi atrás do resto, e até hoje esse assunto continua pendente), poderia acontecer 1 ano antes, considerando o sucesso do GX, e uma eventual empolgação do pessoal da RedeTV! a respeito (com sorte, até animaria a 4Kids a concluir a série, já que em 2009, a adaptação dos últimos 25 episódios ainda não estava descartada pela empresa norte-americana).
No final de contas, é sabido que a realidade foi bem diferente (na verdade, pode-se dizer que o destino acabou sendo um pouco ingrato com a franquia no Brasil) e os fãs conseguiram, até aqui, manter a chama acesa e desenvolver, mesmo com praticamente nenhuma propaganda ou apoio dos detentores da marca (o que melhorou um pouco a partir dos últimos anos), uma relevante comunidade que gosta do jogo - inclusive com jogadores competitivos e que não fazem feio nos torneios internacionais - e acompanha as séries animadas até hoje.

Em 2014, quando a então 4K Media anunciou a adaptação de Yu-Gi-Oh! ARC-V, ela respondeu um usuário sobre a situação das séries da franquia, deixando claro que, até então, não tinha novidades sobre o lançamento de Yu-Gi-Oh! GX no Ocidente. Só em meados de 2016 que ela trouxe os episódios da quarta temporada legendados para o serviço de streaming Crunchyroll e, até agora, nada de uma versão dublada destes 25 últimos.
Quando a 4K Media, na época, anunciou a adaptação de Yu-Gi-Oh! ARC-V no Ocidente (vale frisar que foi antes mesmo da estreia da série no Japão - contudo, o lançamento internacional só ocorreu mesmo em 2015, em apenas alguns países, cuja situação pouco mudou até agora), um administrador da página oficial da franquia no Facebook se pronunciou sobre a situação das outras séries de Yu-Gi-Oh!, onde, dentre outras coisas, afirmou que iria concluir a adaptação do ZEXAL (o que ela, de fato, concretizou, em fevereiro de 2015, via Hulu). Sobre o GX, disse que "não tinha notícias" (em tradução livre).

O mais curioso foi que o jogo Tag Force 3, que aborda o universo de Yu-Gi-Oh! GX até a temporada final, foi lançado fora do Japão, mas personagens como Trueman, Yusuke Fujiwara, Makoto Inotsume, Daigo Sorano, entre outros, não tiveram os nomes adaptados. Será que, caso algum dia a quarta temporada do anime seja adaptada, estes nomes serão trocados?
Capa internacional do jogo Yu-Gi-Oh! GX Tag Force 3, desenvolvido pela Konami para o console portátil PSP, da Sony, e lançado somente no final de 2008 (Observações: o jogo não chegou a sair nos Estados Unidos, mas a versão europeia é compatível; percebam que o Jaden, na capa, já está com o visual e o disco de duelo que passou a adotar no episódio 157 do anime, que como foi ressaltado, não foi trabalhado pela 4Kids na época, só sendo apresentado oficialmente ao público ocidental no filme Vínculos Além do Tempo, em 2010).

Em 20 de Fevereiro de 2018, veio a público a história de uma fandub americana / estadunidense, a Team Millenium (que trabalhou com Yu-Gi-Oh! Zero por lá), que queria fazer a fã-dublagem da 4ª temporada do GX em inglês, ainda em meados de 2015, mas a história chegou ao conhecimento da 4K Media, que entrou em contato e acionou extra-judicialmente o grupo, desautorizando o prosseguimento do projeto, alegando que a empresa possui os direitos da 4ª temporada e que paga por eles; que não tem relação com a antiga detentora da franquia (4Kids Productions) e também reafirmou que não tem planos de adaptar os 25 últimos episódios num futuro próximo.
Uma outra prova da comoção em torno da 4ª temporada de Yu-Gi-Oh! GX é o vídeo da abertura japonesa, postado pela própria 4K Media em 13 de Março de 2015, sendo uma das publicações com mais engajamentos, seja pelo alto número de visualizações (maior entre todas as aberturas postadas), seja pelos comentários, que exaltam a nostalgia e lamentam o fato dos 25 episódios não terem sido adaptados pela antiga 4Kids Productions.

A verdade é que, a cada ano que passa, as chances dos episódios 156 ao 180 ser adaptados ficam cada vez mais escassas. Pode ser que, na teoria, não seja tão viável para a atual Konami Cross Media bancar 25 episódios de uma série já ultrapassada, tanto pela qualidade da imagem (SD 480p, que nunca foi remasterizado mesmo no Japão e, ainda por cima, com proporção 4:3 letterbox) como pela jogabilidade dos duelos (que podem não ser tão atraentes aos olhos de hoje, além de algumas cartas exibidas estar banidas ou com efeitos modificados).
Há muitos anos atrás (entre 2009 a 2010, aproximadamente), surgiu no YouTube uma suposta retrospectiva do episódio 155 da versão ocidental de Yu-Gi-Oh! GX (isto é, uma introdução do episódio 156 - que, em tese não deveria existir) que nunca mais encontrei em nenhum lugar da internet. Quem souber de qual vídeo se trata, disponibilize-o nos comentários, ou entre em contato comigo.

Por ora, fiquem com estas imagens conceituais:
Screenshot conceitual da cena final de uma provável abertura ocidental da 4ª temporada.

Jaden (com o visual da quarta temporada) segurando a versão americana da carta do Herói Elementar Neos.

Jaden segurando a versão americana da carta "Herói Elementar Homem Bolha", no episódio 180.

Yami Yugi/Atem revelando a versão americana da carta armadilha "Renovação Negra", também no episódio 180.

Montagem de uma possível capa de DVDs da 4ª temporada de Yu-Gi-Oh! GX, baseada no design dos boxes lançados pela 4K Media.

Abaixo estão três vídeos. O primeiro, é uma abertura não oficial da 4ª temporada no ocidente. O segundo é um teaser do filme Vínculos Além do Tempo, ao som de Yu-Gi-Oh! Theme. E o outro, é um conceito de como seria a inserção dos soundtracks americanos numa cena do episódio final, onde Jaden duela contra "O Duelista Lendário" (será que algum dia veremos este memorável duelo adaptado ou, no mínimo, dublado com as vozes oficiais? Até existe uma versão fan-dublada deste duelo (feito pelo projeto Vox Dub, dos fãs Waldyr Aniceto e Marcelo "Sahgo" Gouvêia) e também de outros episódios da 4ª temporada (156 ao 160, 177 e 178, feitos pelo projeto Dublarty Digital, do fã Artur Alan), sendo que todos podem ser acessados aqui.



Enfim, espero que as informações contidas neste artigo tenham ajudado a esclarecer a atual situação de, não só Yu-Gi-Oh! GX e sua "lendária" quarta temporada, mas de toda a franquia criada por Kazuki Takahashi, que, apesar do bom momento do jogo de cartas, já viveu dias melhores. Abaixo, alguns sites que complementam este artigo:

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